ARTE

 

BREVE EXPLICAÇÃO

Por um momento, pensei em nomear esta Página como "Cultura", já que meu propósito aqui é apontar o que, entre as manifestações da criação humana com ampla receptividade popular, haverá de atingir o século 21 como força viva e não como hobby funcional de pessoas com visão superada historicamente. Percebi, no entanto, que tudo neste site trata de cultura; e que, se apelidasse daquela maneira a Página, acabaria caindo, inevitavelmente, na polêmica diferenciação entre "cultura" e "civilização", com o risco de fazer crer que trataria neste momento de um eventual desenho das civilizações futuras.

Nem tanto era o propósito, que o pensamento seguinte foi de saltar ao polo oposto e escrever "Lazer" como título da Página. Seria, talvez, o ensejo do palpite - como dizer, por exemplo, que o esporte da minha predileção, o futebol feminino, será uma das marcas registradas do século vindouro. Poderia comentar que, graças à Internet, passo por cima do machismo latino (que nada divulga) e fico sabendo dos torneios e dos campeonatos de futebol feminino realizados no Brasil e na América Latina (como de resto em todo o mundo), e me atualizo sobre equipes de Porto Alegre, lendo uma revista americana especializada: a

WomenSoccer World .

Falaria que, sendo fã da Sissi, Kátia Cilene, Formiga, Renatinha, Elane, Maravilha, Cidinha, entre muitas outras excelentes craques brasileiras, somo-me à admiração mundial por Mia Hamm - a jogadora formada em Ciência Política pela Universidade da Carolina do Norte, e que veste a camiseta de número 9 da seleção norte-americana.

 

(Por outra, apesar da irrecuperável destruição do nosso planeta dado o uso do automóvel pelas cabecinhas classe-média, que enxergam naquela máquina o espelho do seu self ideal, e apesar das eleições políticas no RS desde 1998 refletirem uma fase de trevas, um retrocesso ao ideário morto do século 19, é da capital do RS, a mais classe-média das capitais brasileiras, que vamos encontrar uma perspectiva nacional de futurismo positivo e concreto. Trata-se do site do CYBERORGANICSTUFF - propondo uma espécie de projeto genoma orientado ao figurino transhumanista. Confira.

Outro, entretanto, era o propósito. E podemos, agora, simplificá-lo da seguinte maneira:

Já vimos tudo em matéria de arte? O modernismo, o cubismo, o abstracionismo, o surrealismo, etc, esgotaram a capacidade de se surpreender com formas novas? A literatura atual e futura é/será incapaz de produzir algo tão avançado quanto

Memórias Póstumas de Brás Cubas ?

E, se a Forma já deu o que tinha que dar, com a derrocada da Ideologia os escritores em busca de um engajamento perderam o conteúdo? O pensamento de vanguarda é Liberal, e colhe, o mais das vezes, suas conclusões instantaneamente das crises e dos desafios da Globalização. Não existe mais a chance do liberalismo-vanguarda-e-ainda-assim-ideologia, como existiu na

Revolução Farroupilha ,

com o Rio Grande do Sul separando-se do Brasil e sustentando a república, o abolicionismo, a emancipação da mulher, meio século ao menos antes do resto do país.

Acredito, em suma, que começaremos o século 21 apenas com duas formas artísticas de coração pulsante: a música e o cinema.

 

A MÚSICA

A questão aqui, porém, é sobre vanguarda. Não se trata de enumerar preferências musicais. Aliás, diante da cacofonia envolvente nas principais artérias urbanas, diante do imprescindível componente sonoro da publicidade no rádio e na televisão, diria que, no momento atual, prevalece uma saturação (a nível de audição) e um quase que monopólio do mau gosto (dado a facilidade de gravação).

Podemos repousar da mediocridade reinante em alguma melodia oriental, em alguma peça contemporânea atonal, e mesmo em alguma sinfonia de Gustav Mahler. Mas, quando se trata de fazer uma escolha decisiva, para entrar no Terceiro Milênio com uma referência vanguardista, sustento que não temos qualquer alternativa ao nome de David Bowie.

Enquanto compositor, Bowie tem se mantido como vanguarda desde o início dos anos 70; atravessou décadas sem ser superado por nenhum nome do cenário musical (ou terei perdido alguma coisa?); e hoje é o único artista pop (não forjado) qualificado a um lugar representativo na sociedade transhumanista.

Em se tratando de acesso digitalizado ao amplo universo artístico de David Bowie, não existe dificuldade: Bowie não é apenas uma página na Web, Bowie é um provedor de Internet.

BOWIE NET

 

O CINEMA

De novo, em se tratando de espetáculo, gostamos de apontar nossas predileções. E agora, no tempo da TV à cabo, sou assíduo aos filmes sem intervalos comerciais, podendo fazer as seguintes alusões, dentre os realizados nesta última década do século 20:

 

1º Lugar:

Piratas do Computador ("Hackers"); 1995; de Iain Softley.

Primeiro grande filme sobre a geração da Idade Digital entendendo-se como "elite" na Sociedade de Informação. Um filme não só com jovens mas sobre o que significa ser jovem na moderna sociedade tecnológica. Indispensável dizer que os filmes desta lista pressupõem a excelência nos atributos propriamente cinematográficos. A colocação de "Piratas..." na cabeça da lista justifica-se, assim, por constituir a melhor meditação sobre o mundo digital desde Terminator 2: Judgement Day, de James Cameron ? com a vantagem de realizar uma reflexão sobre o presente real ao invés do futuro imaginário.

2º Lugar:

Estranhos Prazeres ("Strange Days"); 1995; de Kathryn Bigelow.

A diretora Bigelow pega o bom roteiro de James Cameron e transforma-o na mais bem sucedida interpretação visual da nossa mudança de século. O dinamismo imagético é tão perfeito que o espectador se apega empaticamente, quase esquecendo o que tal performance cobra de quem dirige a equipe por trás das câmeras. Os méritos de Cameron, por outra, emergem nas observações tecidas pelos personagens quase à margem do argumento principal.

3º Lugar:

Ligadas pelo Desejo ("Bound"); 1996; de Andy Wachowski.

Unir uma técnica cult (filmes noir) com um enfoque antropológico verdadeiramente revolucionário (sexualidade alternativa da mulher) poderia bastar para colocar este filme em qualquer lista dos melhores do século. O bom gosto que Wachowski conserva ao mesclar Máfia com Lesbianismo, porém, resultou no suspense que o qualifica tranqüilamente como substituto de Hitchcock.

4º Lugar:

Jade ("Jade"); 1995; de William Friedkin.

Existem duas teorizações sociológicas na Sétima Arte: a latina ou da retórica, e a anglo-saxônica ou da ação. Quase todo o cinema italiano dos anos 60 ilustra a primeira destas posições. A segunda é representada, em todos os tempos, pelo filme policial americano; e Jade, de Friedkin, é o exemplar máximo desta posição nos nossos anos 90.

5º Lugar:

Assassino Virtual ("Virtuosity"); 1995; de Brett Leonard.

Pensar o mundo virtual é uma imposição dos nossos tempos. Se em "Estranhos Prazeres" ele é uma peça da engrenagem, em "Assassino Virtual" ele é toda a engrenagem. Por outra, Leonard quase se iguala a Bigelow ao retratar esteticamente os novos tempos.

6º Lugar:

Dia da Independência ("Independence Day"); 1996; de Roland Emmerich.

Assim como em criança nunca cansamos de ouvir mamãe recontar e recontar as historinhas dos Irmãos Grimm, assim quando adultos não cansamos de assistir filmes como Ghost ("Do Outro Lado da Vida"), de Jerry Zucker, ou Independence Day ("Dia da Independência"), de Roland Emmerich. Entretanto, o filme de Emmerich deixa de ser um mero conto de fadas e se constitui em marcante testemunho dos anos 90 ao introduzir um técnico de TV à cabo (personagem de Jeff Goldblum) que consegue localizar a ex-esposa no espaço da Casa Branca com a mesma facilidade com que capta um sinal código emitido por naves alienígenas e lança um vírus de computador para desarmar a defesa de tais alienígenas.

 

E, também graças à Internet, gosto de acessar a sala do FilmCOM para assistir os trailers e os curtas mais "quentes" do momento. (Você precisa ter o RealPlayer G2 instalado em seu computador; mas, se não tiver, o download gratuito pode ser feito de lá mesmo da Screening Room.)

 

 

TRANSFILME

A vanguarda da Sétima Arte, no entanto, acontece na figura de uma jovem brasileira, de descendência coreana, porém cidadã do mundo: Iara Lee.

Tendo crescido no Brasil, a jovem artista trabalhou como produtora e programadora do Festival Internacional de Cinema de São Paulo; e em Nova York e no Japão dirigiu três curtas: Prufrock (1991), Neighbors (1992) e Autumn Wind (1993).

Seu primeiro longa-metragem, Synthetic Pleasures, de 1996, convém ser visto mais de perto, no caso aqui, por excertos do roteiro.

 

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